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Aceitando Argumentos em Linha de Comando

Vamos criar um novo projeto usando, como sempre, cargo new. Chamaremos o nosso projeto minigrep para distingui-lo da ferramenta grep que você já pode ter no seu sistema.

$ cargo new --bin minigrep
     Created binary (application) `minigrep` project
$ cd minigrep

A primeira tarefa é fazer que minigrep aceite seus dois argumentos de linha de comando: o nome de arquivo e uma string para procurar. Ou seja, queremos ser capazes de administrar o nosso programa com cargo run, uma string para procurar e um caminho para um arquivo onde será feira a procura, dessa forma:

$ cargo run searchstring example-filename.txt

Neste momento, o programa gerado por cargo new não pode processar os argumentos que nós passamos. No entanto, algumas bibliotecas existentes no Crates.io que podem nos ajudar a escrever um programa que aceite argumentos na linha de comando, mas como você está aprendendo esses conceitos, vamos implementar essa capacidade nós mesmos.

Lendo os Valores do Argumento

Para garantir que minigrep seja capaz de ler os valores dos argumentos da linha de comando, nós precisamos de uma função fornecida na biblioteca padrão do Rust, que é std::env::args. Esta função retorna um iterador da linha de comando com os argumentos que foram passados à minigrep. Ainda não discutimos iteradores (nós os cobrimos totalmente no Capítulo 13), mas por enquanto você só precisa saber dois detalhes sobre iteradores: os iteradores produzem uma série de valores, e podemos chamar a função collect em um iterador para transformá-lo em uma coleção, como um vetor, contendo todos os elementos que o iterador produz.

Use o código na Listagem 12-1 para permitir que seu programa minigrep leia qualquer argumento da linha de comando passados para ele e depois colete os valores em um vetor:

Arquivo: src/main.rs

use std::env;

fn main() {
    let args: Vec<String> = env::args().collect();
    println!("{:?}", args);
}

Listagem 12-1: Coletando os argumentos da linha de comando um vetor e imprimindo-os

Primeiro, trazemos o módulo std::env para o escopo com uma declaração use, então nós podemos usar a função args. Observe que a função std::env::args é aninhada em dois níveis de módulos. Como discutimos no Capítulo 7, nos casos em que a função desejada está aninhada em mais de um módulo, é convenção trazer o módulo pai para o escopo em vez da função. Como resultado, nós podemos facilmente usar outras funções de std::env. Também é menos ambíguo que adicionar use std::env::args e depois chamando a função com apenas args porque args pode ser facilmente confundido com uma função definida no módulo atual.

A Função args e Unicode Inválido

Note que std::env::args emitirá pânico se algum argumento contiver código Unicode inválido. Se o seu programa precisar aceitar argumentos que sejam Unicode inválidos , use std::env::args_os em vez disso. Essa função retorna valores OsString em vez de valores String. Nós escolhemos usar std::env::args aqui por simplicidade, porque os valores de OsString diferem por plataforma e são mais complexo para trabalhar do que os valores de String.

Na primeira linha do main, chamamos env::args, e usamos collect imediatamente para transformar o iterador em um vetor contendo todos os valores produzidos pelo iterador. Podemos usar a função collect para criar muitos tipos de coleções, então nós explicitamente anotamos o tipo de args para especificar que nós queremos um vetor de strings. Embora raramente precisemos anotar tipos em Rust, collect é uma função que muitas vezes você precisa anotar, porque Rust não é capaz de inferir o tipo de coleção que deseja.

Finalmente, imprimimos o vetor usando o formatador de debug, :?. Vamos tentar executar o código sem argumentos e depois com dois argumentos:

$ cargo run
--snip--
["target/debug/minigrep"]

$ cargo run needle haystack
--snip--
["target/debug/minigrep", "needle", "haystack"]

Observe que o primeiro valor no vetor é "target/debug/minigrep", que é o nome do nosso binário. Isso corresponde ao comportamento da lista de argumentos em C, permitindo que os programas usem o nome pelo qual eles foram invocados em sua execução. Geralmente, é conveniente ter acesso ao nome do programa, caso desejemos imprimi-lo em mensagens ou alterar o comportamento do programa com base no alias da linha de comando que foi usado para chamar o programa. Mas, para os fins deste capítulo, vamos ignorá-lo e salvar apenas os dois argumentos que precisamos.

Salvando os Valores do Argumento em Variáveis

Imprimir o valor do vetor de argumentos ilustra que o programa é capaz de acessar os valores especificados como argumentos da linha de comando. Agora precisamos salvar os valores dos dois argumentos nas variáveis para que possamos usar esses valores durante o resto do programa. Fazemos isso na Listagem 12-2:

Arquivo: src/main.rs

use std::env;

fn main() {
    let args: Vec<String> = env::args().collect();

    let query = &args[1];
    let filename = &args[2];

    println!("Searching for {}", query);
    println!("In file {}", filename);
}

Listagem 12-2: Criando variáveis para guardar o argumento de consulta e argumento do nome do arquivo

Como vimos quando imprimimos o vetor, o nome do programa ocupa o primeiro valor no vetor em args[0], então estamos começando no índice 1. O primeiro argumento minigrep é a string que estamos procurando, então colocamos uma referência ao primeiro argumento na variável query. O segundo argumento será o nome do arquivo, então colocamos uma referência ao segundo argumento no variável filename.

Imprimimos temporariamente os valores dessas variáveis para provar que o código funciona como pretendemos. Vamos executar este programa novamente com os argumentos test e sample.txt:

$ cargo run test sample.txt
   Compiling minigrep v0.1.0 (file:///projects/minigrep)
    Finished dev [unoptimized + debuginfo] target(s) in 0.0 secs
     Running `target/debug/minigrep test sample.txt`
Searching for test
In file sample.txt

Ótimo, o programa está funcionando! Os valores dos argumentos que precisamos estão sendo salvos nas variáveis certas. Mais tarde, adicionaremos algum tratamento de erro para lidar com certas situações errôneas potenciais, como quando o usuário não fornece argumentos; por enquanto, ignoraremos essa situação, e trabalharemos na adição das funcinalidades de leitura dos arquivos.